Ah, la burocracia....
Eu não sou propriamente o que pode se chamar de "anti-burocrata". Por outro lado, acho que também não me enquadro no perfil do "burocrata típico", embora nos últimos três anos eu tenha dedicado grande parte dos meus dias a lidar com a burocracia.
Não sei ao certo se estou num espaço entre os dois perfis acima ou se alterno de um a outro, dependendo do momento. Bem, talvez eu nunca venha a saber...
Mesmo acreditando que nenhum dos estereótipos acima me serve perfeitamente, tenho percebido que o contato cotidiano com a burocracia tem me contaminado cada vez mais e que, com o passar do tempo, isso se reflete no meu dia a dia.
Por exemplo, já faz muito tempo que não consigo ler um livro completo, numa única "tacada". Ultimamente tenho chegado em casa com a mente tão esgotada, que poucas vezes tenho paciência e concentração para ler. Além disso, como muitas vezes passo parte significativa dos meus dias lendo memorandos, ofícios, CI's, etc., acho que me acostumei com leituras curtas, muito curtas. Talvez seja esse um dos motivos que me fazem ler os livros a conta gotas.
Mas, pior do que a leitura, está a minha escrita. Depois que concluí minha dissertação de mestrado, ainda consegui produzir alguns textos e artigos relevantes (ao menos eu e minha mãe achamos que são relevantes) por algum tempo. No entanto, após assumir o cargo de coordenador de um programa da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, minha "produção" caiu vertiginosamente. A única coisa que tenho escrito são memorandos e ofícios. Muitos.
Fiquei tão condicionado que sempre que eu vejo um papel em branco na minha frente, meu primeiro impulso é escrever "Prezado Senhor, vimos pelo presente...". hehe
Minha esperança é de que isso mude a partir do ano que vem, quando não estaremos mais no governo. Senão terei que alterar meus planos de fazer doutorado na área de desenvolvimento rural sustentável e passar para administração pública ou algo semelhante.

1 Comments:
O médico e o monstro.
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