25.10.06

O Barco

Nos últimos dias, em especial depois do 1o. turno das eleições, tenho me sentido bastante angustiado.
Como vocês devem saber, aqui no MS o PT, depois de 08 anos à frente do governo (ao menos em teoria), perdeu as eleições para o PMDB.
Além das consequências (medianamente ruins, no meu ponto de vista) que esse fato tem para o estado como um todo, ele me afeta de maneira direta, pois sou coordenador de um dos programas da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário e, certamente, serei exonerado do cargo que ocupo. Poderia ser pior. Como sou concursado no estado, o salário diminui um pouco, mas não perco o emprego.
Mas o que me deixa mais angustiado nem sequer é isso, mas a sensação de que uma série de coisas pelas quais batalhamos muito para construir, mas não conseguimos solidificar de maneira adequada, estão prestes a ruir. Muito disso por responsabilidade nossa (a direção da SDA e do Idaterra), pois em diversos momentos não nos empenhamos de maneira adequada para que as coisas acontecessem ou deixamos que fatos menores afetassem o objetivo maior de fortalecer a agricultura familiar de MS.
Dia desses fiquei imaginando a situação e me veio à mente a metáfora de uma barco à deriva, no meio de um lago, com um rombo enorme no casco. Enquanto o barco afunda, parte da tripulação tenta desesperadamente jogar a água para fora (acho que estou entre esses). Mas o restante está com outras preocupações, não está nem aí com a situação, está lutando pelo controle do barco ou, pior do que isso, alguns parecem ainda estar ajudando a abrir mais buracos no casco. E há ainda aqueles que, pelo que dizem, já conseguiram um colete salva-vidas, pularam na água e estão aguardando o próximo barco passar para embarcar nele.
Enquanto tudo isso acontece, o barco continua afundando e, por mais esforço que eu faça, não conseguirei evitar isso e afundarei junto. E o mais complicado, é que eu nem sei nadar...

Mas, deixemos isso de lado. Acho que estou escrevendo essas coisas porque ando de saco cheio de tudo ultimamente. Cansei. É isso.
Que venha o próximo governo e que fique com ele todas as preocupações, dores de cabeça, noites mal dormidas, irritações, cabelos brancos, azias e tudo mais que o excesso de burrocracia, a falta de compromisso de muitos, a falta de seriedade de outros, as estruturas viciadas e muitas vezes ineficientes do Estado causaram em mim.

Bem, vou ouvir uma música para ver se relaxo um pouco...

"Hoje você é quem manda
Falou, tá falado, não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão

Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar
Água nova brotando e a gente se amando
Sem parar...."
(Chico Buarque)

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Vida de Caminhante
É Alexandre, a vida vem em ondas como o mar, às vezes estamos no alto e depois submerso entre as ondas.
Mas é preciso caminhar e melhor ainda sabendo a que porto queremos chegar.
Muita coisa está errada e precisamos ter a paciência revolucionária para lutar, a cada momento, a todo momento. Que tal uma coisa de cada vez? Paulo Guilherme

12:44 PM  
Anonymous Anônimo said...

Al otro lado del río.

Clavo mi remo en el agua
llevo tu remo en el mío
Creo que he visto una luz
al otro lado del río
El dia le irá pudiendo
poco a poco al frio
Creo que he visto una luz
al otro lado del río
Sobre todo, creo que
no todo está perdido
Tanta lágrima, tanta lágrima
y yo, soy un vaso vacio...
Oigo una voz que me llama
casi un suspiro:
Rema, rema, rema!
En esta orilla del mundo
lo que no es presa, es baldio
Creo que he visto una luz
al otro lado del río
Yo, muy serio, voy remando
y muy adentro, sonrío
Creo que ha visto una luz
al otro lado del río.
Jorge Drexler

12:53 PM  

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