"A Rota não prende, mãe. A Rota mata!"
A frase acima é de um jovem da periferia de São Paulo, acusado de roubo, cuja casa estava cercada por policiais da ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar - grupo de "elite" da PM paulistana) que estavam à sua busca. Pouco depois o jovem foi, de fato, assassinado na frente da mãe e da esposa grávida, acusado de ter resistido à prisão e atirado nos policiais, embora estivesse desarmado.
Essa é uma das histórias contadas no livro "Rota 66: a polícia que mata", do jornalista Caco Barcellos, que recentemente ganhei de presente da Geanys.
É uma excelente leitura, com um texto envolvente, cativante e de fácil compreensão. Para que tenham uma idéia, li o livro todo (360 págs.) em duas "pegadas", durante a viagem que fiz para Santa Catarina no início desta semana (160 pág. na ida e 200 na volta).
O livro começa com o caso do assassinato de três rapazes de classe média alta pela equipe 66 da Rota e, a partir daí, vai construindo um retrato bastante detalhado da forma de atuação desse segmento da polícia militar de São Paulo, desde sua criação no início da década de 1970 até 1992 (quando foi publicada a primeira edição do livro).
Merece destaque o trabalho investigativo realizado pelo Caco Barcellos ao longo de quase duas décadas, apurando as circunstâncias de milhares de mortes de autoria da PM paulistana e construindo um verdadeiro ranking dos maiores matadores da corporação. Aí reside outro mérito do livro: a coregem em dar nome aos bois.
Um alerta aos interessados: ao longo do livro é praticamente impossível conter a sensação de indignação e revolta diante da forma de atuar (e matar) da PM e a impunidade resultante de comandos e tribunais corrompidos e/ou coniventes com esse processo.
De qualquer forma, recomendo a leitura.

1 Comments:
Gente, eu li o livro!!! e essa era uma das frases q eu mais repetia (e que as freiras do Serviço Social ficavam chocadas...)
Mto bom relembrar
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